Brad Fletcher (Gian Maria Volontè)
interpreta um professor universitário de Boston que devido a uma doença
pulmonar, tem de ir viver para o sudoeste americano. Acaba por se cruzar com
Beau Bennet (Tomas Milian) e com o seu bando. Fascinado pelo seu modo de vida,
Fletcher assume o comando do bando e lidera-o com esmerada crueldade.
Contudo, ao contrário do que
indica a sinopse acima descrita, Cara a
Cara (Faccia a Faccia) não é uma simples luta de galos por um poleiro, bem
pelo contrário, o filme leva-nos a uma viagem intensa ao íntimo de dois homens
completamente diferentes à partida. Serão assim tão diferentes?
Sollima rodeou-se de atores, que além de muito bons, eram confiáveis e que souberam interpretar magistralmente toda uma profunda transformação psicológica a que os personagens principais, Brad e Beau, são sujeitos. O filme encaminha-nos, principalmente, para uma viagem de transformações e confrontos. Assistimos à metamorfose de um afável e conceituado professor universitário, uma espécie de Dr. Jeckyll num Mr. Hyde que se deixa seduzir pelo fascínio da vida de fora-da-lei e pelo poder que esta faculta. Por outro lado, Um implacável fora-da-lei metamorfoseia-se de Mr. Hyde em Dr. Jeckyll, contudo, sem a transformação física que encontramos no romance do escocês Robert Louis Stevenson, o que nos levará a concluir que o mal e o bem não têm rosto, são duas faces da mesma moeda e que a personalidade de alguém poderá mudar conforme as circunstâncias e o meio que o rodeia. Neste cenário, enquanto Beauregard Bennett descobre uma consciência, Brad Fletcher abdica da sua.
Sollima rodeou-se de atores, que além de muito bons, eram confiáveis e que souberam interpretar magistralmente toda uma profunda transformação psicológica a que os personagens principais, Brad e Beau, são sujeitos. O filme encaminha-nos, principalmente, para uma viagem de transformações e confrontos. Assistimos à metamorfose de um afável e conceituado professor universitário, uma espécie de Dr. Jeckyll num Mr. Hyde que se deixa seduzir pelo fascínio da vida de fora-da-lei e pelo poder que esta faculta. Por outro lado, Um implacável fora-da-lei metamorfoseia-se de Mr. Hyde em Dr. Jeckyll, contudo, sem a transformação física que encontramos no romance do escocês Robert Louis Stevenson, o que nos levará a concluir que o mal e o bem não têm rosto, são duas faces da mesma moeda e que a personalidade de alguém poderá mudar conforme as circunstâncias e o meio que o rodeia. Neste cenário, enquanto Beauregard Bennett descobre uma consciência, Brad Fletcher abdica da sua.
Filme de confrontos por
excelência, podemos testemunhar uns quantos neste filme. O bem contra o mal, a
civilização culta contra o oeste selvagem inculto, a sabedoria puramente
académica contra a sabedoria empírica. Brad Fletcher crê mesmo que a sua inteligência
superior tornará o bando, que vive numa espécie de comuna chamada “Puerta de
Sol” (um piscar de olhos de Sollima à alegoria política), insuperável.
Sollima apresenta-nos um terceiro
personagem que terá uma importância fulcral no enredo. Charley Siringo,
interpretado por William Berger, um agente da Pinkerton que se infiltra no
bando e assiste a todas estas transformações e que, após desfigurar com três
tiros no rosto um bandido com a compleição semelhante a Beau, liberta-o e diz-lhe:
“- A Lei ficará satisfeita com um
falso Beauregard Bennet. De qualquer maneira, o verdadeiro já não existe.”
Cara a Cara, apesar de toda esta intensidade psicológica, mantém
todas as características de um bom western-spaghetti, a música fenomenal de
Ennio Morricone, tiroteios bem encenados, uma tortura com requintes de malvadez,
a ausência total de heróis e, claro, as maravilhosas paisagens áridas de
Almeria.
Contudo, apesar de ser um dos
expoentes do género, Cara a Cara só
estreou em Portugal em 28 de Novembro de 1980, no Cinema Roxy, em Lisboa. Passou
despercebido e, a título de curiosidade, transcrevo uma nota crítica, não
assinada, publicada na época no B.C. (Boletim Cinematográfico) n.º 1560:
“Nota Crítica: O filme segue o
protótipo inferior do “western-spaghetti”, sendo as figuras da acção manufacturadas
de modo a enquadrarem-se num enredo cuja simplicidade atinge a raíz do ingénuo.
Gian Maria Volontè, hoje um actor
consagrado, passava já uma fase da sua carreira pouco compatível com a forma
como é tipificado a ponto de não poder valorizar um argumento que carece de uma
sólida base narrativa.
Nada explica que um tão velho
filme sem qualidade seja agora estreado.”
Faltam-me os adjetivos para
caraterizar esta “nota crítica”. Apostaria que quem a escreveu nunca viu o
filme.
António Furtado da Rosa
O DUELO:
TRAILER:
5 comentários:
Deves ter razão. Escreveu algo sem ver sequer o filme.
Não sou dono da razão, nem quero, mas neste caso creio que não errei.
Parabéns. Captaste a essência do filme, um dos meus western spaghetti favoritos. Curiosa, essa nota final bizarra!
Obrigado. é um filme que realmente marca quem o vê. O western spaghetti, já o digo há tantos anos, consegue ser tão variado e tão rico em temas como em nenhum outro subgénero. Mas há quem continue a vê-los como simples "coboiadas" inócuas (também os há). Abraço!
Amigo,
Tenho, em video, uma das últimas entrevistas do ator ítalo/brasileiro Antonio de Teffé ( Anthony Steffen ) e outros momentos raros do westerns europeu.
www.vivagringo.blogspot.com
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